Audiência Pública ressalta importância da criação de abelhas sem ferrão para agricultura e meio ambiente
Na manhã desta quinta-feira (02), a Câmara Municipal de Mossoró realizou uma audiência pública sobre a meliponicultura, criação de abelhas sem ferrão. A iniciativa partiu do vereador Rondinelli Carlos e trouxe para a Câmara, criadores e especialistas no assunto.
O objetivo do evento foi promover a meliponicultura e levar mais informações sobre a atividade para a população. O vereador Rondinelli Carlos destacou que esta é uma possibilidade de renda para centenas de famílias. “Mossoró tem uma quantidade significativa de criadores e possui ambiente propício para a atividade”, explicou.
Através da abelha sem ferrão são produzidos 9 tipos de produtos que podem ser comercializados. Mas a atividade vai além, as abelhas desempenham um papel fundamental na agricultura e meio ambiente, como explicou, durante a audiência, Victor Hugo Pedraça, analista de extensão rural da EMATER.
De cada três alimentos produzidos pela agricultura, um tem a abelha como polinizadora. “Elas realizam mais de 70% da polinização no meio ambiente. Isto é fundamental, tanto para manter a biodiversidade como para agricultura, visto que a polinização sem abelhas tem um custo muito grande e gera alimentos de qualidade inferior.”, explicou Victor Hugo.
Integração
No Rio Grande do Norte, os criadores e interessados na atividade, que cresceu cerca de 80% por ano, nos últimos 5 anos, contam com a Associação de Meliponicultores do RN (Amep). Erione Pinheiro, presidente Amep explicou que, além de cursos de formação, a Associação promove o intercâmbio entre os criadores. “Criamos eventos de capacitação através do SEBRAI. No ano de 2017 realizamos três cursos. Fazemos seminários juntamente com a UFERSA. E somos referência na preservação das abelhas nativas do RN”, disse.
Ameaça
Apesar da enorme contribuição como atividade econômica, no desenvolvimento da agricultura e preservação do meio ambiente, a meliponicultura sofre algumas ameaças. De acordo com especialistas, o uso de agrotóxicos muito tóxicos e venenos para insetos acaba matando as abelhas.
“O carro Fumacê é um exemplo que acaba prejudicando as abelhas. Não queremos, com isso, pedir o fim da passagem do carro, mas queremos apenas nos organizar junto às autoridades competentes para poder proteger as abelhas quando for necessário o uso do Fumacê”, explicou Erione.
Em relação aos agrotóxicos , a coordenadora do Centro de Capacitação Técnica em Apicultura da UFERSA, professora Kátia Gramacho, citou como possível solução a aplicação de venenos menos agressivos. “Existem vários tipos de agrotóxicos e é necessário que os agricultores tenham essa consciência de se preocupar com a escolha do produto adequado, porque a eliminação das abelhas prejudica diretamente a qualidade da colheita”, destacou.
Dengue
Sobre o carro Fumacê, Edinaide Menezes, do Centro de Zoonoses de Mossoró, explicou que este é um último recurso utilizado pelo Governo do Estado e que faz parte da estratégia do Governo Federal. “Quem determina o uso do Fumacê é o Governo do Estado e ele não é a principal forma de combate ao mosquito, apesar da população cobrar muito a utilização dele, pois é prejudicial”, disse.
Adriano Gleidson, técnico do Setor de Endemias de Mossoró, explicou que outras ações são realizadas para combater o mosquito. “Além das campanhas de conscientização, montamos uma estratégia para visitar as casas e combater focos do mosquito. Precisamos da cooperação da população, pois se cada um cuidar do seu quintal não precisaremos utilizar este último recurso”, explicou.
Rondinelli Carlos finalizou a audiência destacando a importância do debate realizado. “Hoje, através deste debate, conseguimos elencar as principais dificuldades dos criadores. Vamos fazer os encaminhamentos para as autoridades competentes e esperamos poder sanar ou minimizar os problemas apresentados”.
O vereador também aproveitou a ocasião para fazer a entrega simbólica da Lei 3.604 de 23 de março de 2018, que reconhece como utilidade pública a Associação dos Meliponicultores do Rio Grande do Norte (Amep/RN).