Audiência pública revela otimismo com setor do petróleo

por Regy Carte publicado 11/07/2019 14h18, última modificação 11/07/2019 14h18
Reunião foi realizada na manhã desta quinta-feira (11)
Audiência pública revela otimismo com setor do petróleo

Participantes cantam Hino Nacional no início da audiência: otimismo com reaquecimento do setor do petróleo (foto: Edilberto Barros/CMM)

Audiência pública na Câmara Municipal de Mossoró, nesta quinta-feira (11), para discutir a indústria do petróleo, confirmou expectativa positiva para o segmento em Mossoró e região, com a compra de 34 campos maduros no polo Riacho da Forquilha pela empresa Petrorecôncavo. Há confiança de que o fato reaquecerá a produção petrolífera no Oeste.

Proponente da audiência pública, a vereadora Sandra Rosado (PSDB) diz não acreditar que a atual desaceleração do setor seja irreversível. “Pelo contrário. A exploração de campos maduros pela iniciativa privada é uma nova porta que se abre, um momento alvissareiro de oportunidades, que emergem da crise econômica que enfrentamos”, analisa.

Representante da Petrorecôncavo, Marcelo Magalhães afirma que haverá um novo ciclo de investimento para aumento da produção, royalties e empregos. Reafirmou compromisso de investir 150 milhões de dólares nos próximos cinco anos e que aguarda a homologação da cessão dos poços, prevista para o último trimestre do ano, para início da exploração.

“Lógico que não somos a Petrobras e não seremos responsáveis por retornar a produção dos tempos áureos. Porém, deveremos ter duas ou três sondas de trabalho e até uma sonda de perfuração em Riacho da Forquila, onde há mais de um ano não existe nenhuma sonda exclusiva, e a mão de obra será majoritariamente local”, diz Magalhães.

Novo momento

A visão também é compartilhada pelo secretário executivo da Associação de Produtores Independentes de Petróleo e Gás (ABPIP), Anabal Santos Júnior, para quem a exploração de campos maduros pela iniciativa privada é modelo consagrado em todo o mundo. “Mossoró não é laboratório. Mas, claro, dando certo, outras empresas poderão vir”, explica.

O otimismo foi reforçado pelo secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Lahyre Rosado Neto (representante da prefeita Rosalba Ciarlini), e pelo presidente de Redepetro RN, Gutemberg Dias, e por outros oradores da audiência, como Vilmar Pereira (vice-presidente da Fiern), João Luciano Neto (CDL), prefeitos, técnicos, vereadores, entre outros.

A audiência pública foi prestigiada por representantes de municípios produtores, como Macau (prefeito Túlio Lemos), Porto do Mangue (prefeito Sael Melo), universidades (Uern, Ufersa, UnP), vereadores Izabel Montenegro, Aline Couto, Alex do Frango, Genilson Alves, João Gentil, entre outros. 

 

Sindicato confirma ação contra venda de poços maduros

 

Na audiência pública sobre o reaquecimento do setor do petróleo em Mossoró e região, na Câmara Municipal, nesta quinta-feira (11), o secretário geral do Sindicato dos Petroleiros e Petroleiras (Sindipetro RN), Pedro Lúcio, confirmou contestação, em ação na 10ª Vara da Justiça Federal de Natal, da venda dos poços do polo Riacho da Forquilha.

Segundo ele, há suspeita que a operação tenha causado prejuízo de cerca de R$ 270 milhões à Petrobras e que, na atual fase do processo, a Justiça aguarda posicionamento da Petrorecôncavo para decidir se acata ou não o pedido de liminar para suspender o negócio.

“Nosso receio é que a forma apressada de transferir campos para iniciativa privada leve à extinção precoce da indústria de petróleo no Estado. Queremos que não aconteça o que houve em outros lugares, que, em curto tempo, empresas que compraram campos deixaram de atuar”, alerta Pedro Lúcio.

Ele acrescenta que a ação questiona o procedimento de venda, e não a capacidade da Petrorecôncavo. “Não somos contra o setor privado, mas contra uma venda apressada, que pode condenar o setor de petróleo a um final precoce na região de Mossoró. Se não se pode retomar o papel da Petrobras como antes, que se faça transição com responsabilidade”, justifica.

Ao trabalho

O diretor da Petrorecôncavo, Marcelo Magalhães, admitiu incerteza decorrente da demanda jurídica, mas que a empresa está se mobilizando, independentemente de questionamentos judiciais: definiu local da sede em Mossoró (Rua Amaro Cavalcanti), criou site para cadastramento de currículo, entre outras medidas.

“Estamos confiantes de que tudo dará certo. O Petróleo em Mossoró está longe de acabar. Experiências anteriores conseguiram aumentar em 120% a produção em campos maduros. Portanto, existe expectativa de reaquecimento do setor e queremos a Petrobras parceira, será nossa cliente, é que vai comprar o óleo produzido”, diz Magalhães.

 

‘Carta do Petróleo’ reúne compromissos em prol do setor

 

A audiência pública produziu um documento oficial, denominado Carta do Petróleo, contendo diretrizes para reaquecer o setor de petróleo, que perdeu cerca de dez mil empregos nos últimos dez anos, segundo estimativas. As ações foram compiladas, com base no debate realizado na reunião.

As principais linhas são: contratação de mão de obra majoritariamente da região produtora; projetos de compensação social para áreas exploradas; aproveitamento de outros campos maduros; aumento da arrecadação de royalties por municípios; não privatização da Petrobras.

O documento é subscrito pelos participantes da audiência pública, na Câmara Municipal, e oficializa o compromisso de alguns dos principais atores no processo. Também será referência para cobrar ações de apoio ao trabalho ao Poder Público, em todas as esferas.