Audiência reforça importância da mulher na ciência
Algumas das pessoas participantes posam para foto ao final da audiência pública (foto: Edilberto Barros/CMM)
A Câmara Municipal de Mossoró realizou, hoje (14), a audiência pública Mulheres e Meninas na Ciência, em parceria com a Assembleia Legislativa. Propositora da audiência na Casa, a vereadora Marleide Cunha (PT) destacou que o encontro foi pensado, entre outros motivos, para discutir, refletir e dar visibilidade sobre a importância do apoio às ideias de mulheres e meninas pesquisadoras.
“Precisamos avançar nessa área, superar desafios, por isso estamos aqui hoje. É preciso acreditar nesse potencial, ciência e igualdade de gênero caminham de mãos dadas”, ressaltou a parlamentar.
Coautora da audiência pública, a deputada Divaneide Basílio (PT) ressaltou que a audiência acontece após uma série de visitas em instituições de ensino, como Universidades e Institutos Federais. “Queremos aproveitar a audiência para pensarmos, juntas, que caminhos nós teremos que trilhar por mais meninas e mulheres na ciência”, disse.
Propostas
A pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação da Uern, professora Ellany Gurgel, afirmou que é necessário pensar em programas específicos de financiamento para mulheres na ciência, além de outras prioridades urgentes. “Precisamos de maior representação principalmente nas áreas das engenharias. Todos os nossos direitos são muito difíceis de ser conquistados, mas precisamos pensar em ampliação de feiras, mentorias, campanhas de conscientização de combate ao assédio”, exemplifica.
Márcia Gurgel, representante da Fundação de Amparo e Promoção da Ciência, Tecnologia e Inovação do RN (Fapern), defendeu alocação de fatia do orçamento estadual para a área de Ciência e Tecnologia. Segundo ela, várias ações de apoio às pesquisas já vêm sendo ofertadas em editais específicos da instituição. “Estabelecemos políticas para mulheres, pessoas negras, pessoas com deficiência e todas as minorias, que historicamente são excluídas dos processos. Precisamos, inclusive, de ações que ampliem isso para todo o estado do RN”, complementou.
A coordenadora da Feira do Semiárido Potiguar, professora Cristiane de Carvalho, exaltou a importância do programa Ciência Para Todos para estimular o conhecimento científico aos alunos da educação básica. “Temos vários editais de Feiras de Ciências, que proporcionam com que as instituições possam chegar às escolas, aos interiores, levando ciência de qualidade”, pontua.
Representatividade
Professora da Uern, Fernanda Marques observou a necessidade de pensar desafios diante da sociedade patriarcal, que impõe divisão sexual e racial de trabalho para mulheres, ainda mais mulheres pardas e pretas. “Somos maioria nas universidades, mas minoria nos espaços de poder, segregadas por área de conhecimento”, protestou, ao defender mais incentivos à produção científica das mulheres.
Gilneide Lobo, representante secretaria municipal de Educação, defendeu promoção da equidade de gênero como fundamental para visibilidade ao papel da mulher na pesquisa cientifica e tecnológica. Apresentou dados de relatório de 2022, em que 49% da produção científica brasileira teve a participação de, pelo menos, uma mulher entre os autores. “Participação aumentado, mas a velocidade caindo”, alertou.
Midiã Monteiro (Ufersa), do programa Ciência no Parque, apresentou dados do Ministério da Educação, de 2021, MEC, que mostram mulheres com maioria em títulos de mestrado (56%) e doutorado (55,6%). “Mas a escolha se dá, sobretudo, nos campos da saúde, da linguística, das letras e das artes. Nas ciências exatas e naturais, o número cai para 25% e, nas ciências tecnológicas, para 12,3%”, ilustrou.
Estudantes
Ekarinny Myrela Brito de Medeiros, representando estudantes de pós-graduação no Rio Grande do Norte, disse que “as meninas precisam fazer ciência e precisam permanecer na ciência”. Egressa da Escola Estadual Hermógenes Nogueira Costa e aluna da Ufersa, ela foi premiada em Feira Internacional de Ciências e Engenharia dos Estados Unidos, Intel ISEF, em maio de 2019, na cidade de Phoenix, no Arizona.
Vitória Sabrina, da Escola Estadual Monsenhor Raimundo Gurgel, defendeu: “Nossos esforços na ciência precisam ser mais reconhecidos. Que possamos continuar após os projetos, para que os esforços valham à pena. E também valorizar mais as feiras de ciências, o aluno e professor, que ganhem algo por isso”. Ela recebeu cinco prêmios na 21ª edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), entre eles o credenciamento para participar da International Science and Engineering Fair (EUA).
A audiência pública reuniu ainda outras pessoas, algumas das quais também se pronunciaram e contribuíram para o debate. Os encaminhamentos da reunião serão encaminhamentos, em documento formal, aos órgãos competentes para adoção de providências.
Encaminhamentos da audiência pública
Editais específicos para projetos de pesquisa para mulheres;
Recursos no orçamento estadual e municipal para incentivar a mulher na ciência;
Bolsas de iniciação científica para estudantes mulheres da educação básica;
Reserva de carga horária para professores e professoras atuantes nas pesquisas;
Criação dos Dias Estadual e Municipal de Mulheres e Meninas na Ciência
Fórum Permanente das Mulheres e Meninas na ciência na Câmara Municipal;
Mais apoio às feiras de ciência nos orçamentos públicos;
Apoio a meninas pós-feiras de ciências e projetos científicos;
Incentivo à formação científica de professores da educação básica.
FOTOS DA AUDIÊNCIA PÚBLICA: Facebook