Marleide rebate declarações de que professores estariam de férias na pandemia
O período de pandemia da Covid-19 obrigou vários segmentos a buscar adaptações para evitar a sua paralisação. É o exemplo do setor de educação, que tem sobrevivido alternando atividades híbridas, com aulas presenciais ou de forma remota. Falar contrário a essa realidade é expor de forma irresponsável a realidade, que nos mostra o sucateamento que vive a educação no Brasil. A avaliação é da vereadora Marleide Cunha (PT), durante sessão na Câmara Municipal de Mossoró, reagindo aos comentários negativos dos deputados federal Ricardo Barros e estadual Tomba Farias.
A educação, destacou Marleide, é o princípio de uma sociedade democrática e desenvolvida e, isso posto, ela disse que alguns discursos precisam ser debatidos e combatidos. Citando como exemplo discursos que fragilizam professores e professoras, principalmente quando vêm de autoridades que tentam fragilizar a imagem social dos professores.
“E quem fragiliza a imagem do professor, fragiliza a própria educação e o futuro da sociedade”, explicou. Ela lembrou das declarações, no mês de abril, quando o deputado federal Ricardo Barros, disse que “professor não quer trabalhar”. Na sequência, em 7 de julho, o deputado Tomba Farias disse que “professores estão de férias a um ano e sete meses”. São discursos, disse Marleide, que ela tem a obrigação de rebater, pois não se pode tratar a situação como se fosse coisa do passado.
A vereadora reforça que são discursos levianos e irresponsáveis diante de uma realidade existente no Brasil de uma educação que possui o pior índice de avaliação. Um sistema educacional sucateado no qual os professores precisam se virar para existir.
A vereadora defende que não se pode aceitar que destratem a imagem do professor. Falta a essas pessoas o conhecimento da realidade. “Digo a essa autoridade que você foi eleito pelo povo para representá-lo e não destratá-lo. Respeite os professores, eles estão durante a pandemia trabalhando muito mais do que a sua carga normal de trabalho. Manhã, noite e madrugada. Pais e mães sabem disso, só os deputados não sabem”, lamentou Marleide.
Ela acrescentou que os professores compraram equipamentos, ocuparam suas casas, abandonaram suas famílias para combater um vírus, que mata pessoas e não pode matar também a educação e o futuro. Os professores, explicou Marleide Cunha, tiveram que reinventar forma de relação com seus alunos, práticas pedagógicas para atender estudantes de forma não presencial.
Lembrou mais uma vez que o Brasil tem um dos piores sistemas educacionais do mundo e menos ainda é a valorização do professor e, sem educação, vêm os exemplos do tipo do DJ Ivis batendo em mulher e jovens sendo assassinados, como é o caso de Luan (Mossoró). De acordo com a vereadora, reproduzimos escravos, quando a sociedade não é desenvolvida e não tem educação. Escravos, por exemplo, como os flanelinhas, os catadores de comida no lixo e os moradores das ruas.
A parlamentar seguiu com seu pronunciamento, afirmando que todos nós temos obrigação com a sociedade através da educação, com uma sociedade mais humanizada e que se respeite. Sem educação, disse ela, seremos animais apensas lutando para sobreviver.
Por fim, concluiu dizendo que não defende só uma categoria, e sim uma profissão, uma função social que vai além do conteúdo. Defender a educação é defender aquilo que sequer para o futuro e para as crianças de hoje. “Quando se fragiliza o professor, fragiliza a educação. Respeitar professor é dever moral e essencial para um país desenvolvido”, conclui Marleide Cunha.